<i>Obras Escolhidas</i> de Álvaro Cunhal
Desde do lançamento, a 12 de Novembro, realizaram-se já em todo o País várias sessões de apresentação do VI Tomo das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal.
O volume reúne textos produzidos entre Janeiro e Novembro de 1976
Na generalidade das iniciativas, e foram muitas, a apresentação ficou a cargo de Francisco Melo, director das Edições Avante!, responsável pela selecção e recolha de textos deste e de todos os volumes das Obras e autor do prefácio. O editor, membro do Comité Central do Partido, esteve em Faro e Lagoa no dia 12, em Lagos na véspera e em Almada no dia 10. Em Novembro, no dia 17, Francisco Melo apresentou a obra no Porto. Em Braga, no dia 5 de Dezembro, a apresentação do livro ficou a cargo do director do Avante!, Manuel Rodrigues.
O volume reúne textos produzidos entre Janeiro e Novembro de 1976, fundamentalmente discursos e entrevistas, e constitui um elemento de consulta essencial para conhecer este período crucial da história recente do País, marcada por uma corajosa e constante luta dos comunistas, dos trabalhadores e do povo em defesa da Revolução e das suas conquistas contra o perigo real de um regresso ao fascismo. No início de 1976, lembre-se, dera-se já o 25 de Novembro e o PCP e outras forças progressistas eram flagelados pelo terrorismo fascista, que incendiava e assaltava sedes e agredia militantes e activistas.
A alteração profunda na correlação de forças militar, a favor da contra-revolução, e as suas implicações na política do VI Governo provisório não foram suficientes para impedir a aprovação e promulgação da Constituição da República Portuguesa a 4 de Abril, pese embora as múltiplas conspirações contra ela urdidas. Acompanhando esta situação volátil e contraditória, os textos incluídos no volume atestam a clareza do pensamento político revolucionário de Álvaro Cunhal e o papel ímpar do Partido Comunista Português em todo o processo de consolidação e defesa da Revolução de Abril.
Defender e afirmar a revolução
Nas intervenções que proferiu nas diferentes sessões, Francisco Melo sublinhou uma das questões estruturantes que marca toda a obra: a alteração da correlação de forças introduzida pelo golpe de direita do 25 de Novembro de 1975 e as consequências que teve desde logo na viragem da política do VI Governo Provisório num sentido antioperário e antipopular. Ou seja, a realização de uma política de direita visando a recuperação capitalista e a destruição das conquistas da revolução.
Este quadro adverso, realçou o director das Edições Avante!, impôs o desenvolvimento de todos os esforços para o «entendimento e a unidade de acção das forças democráticas e progressistas», que o PCP procurou alcançar em todo este período. A recusa esteve sempre do lado do PS, reflectindo a submissão de Mário Soares e seus mais próximos colaboradores à exigência do imperialismo norte-americano e da social-democracia europeia de manter os comunistas longe do governo.
Francisco Melo chamou também a atenção para outra questão que sobressai dos textos reunidos neste VI Tomo: a recusa do PCP em seguir uma linha de actuação aventureira e irresponsável que favorecesse na prática a contra-revolução. É que uma revolução não se faz com «palavras acerca do socialismo e da luta de classes», mas com uma intervenção eficiente que facilite e progresso do movimento revolucionário e impeça a derrota das forças progressistas.
Maleabilidade e princípios
Tal como as matérias anteriores, também a maleabilidade táctica e firmeza de princípios que sobressai da acção do PCP no período abrangido pelo VI Tomo das Obras Escolhidas é de flagrante actualidade: contra os que, temendo a força do PCP alicerçada na sua profunda ligação às massas e na sua orientação revolucionária, o acusavam de «ortodoxo», «rígido» e «estalinista», Álvaro Cunhal respondia com a «extraordinária maleabilidade» do PCP, que não recorreu nunca a «receitas» e a «cópias» tomadas de «modelos estrangeiros».
Mas esta maleabilidade, advertiu Álvaro Cunhal por mais do que uma vez, não implica a violação de princípios essenciais do Partido. Daí que o PCP tenha rejeitado sempre as pressões para seguir o modelo dos partidos ditos «eurocomunistas» e da social-democratização. Ao procurar a unidade com o PS e outras forças democráticas para defender a Revolução e as suas conquistas, o PCP fazia-o como «Partido Comunista».
Tal como acontecia com os cinco volumes anteriores, este VI Tomo das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal é não apenas um importante documento histórico mas também uma ferramenta fundamental para os combates ideológicos e de classe que os comunistas têm hoje entre mãos.